Anny Desconzi: Aves migratórias

Redação do Diário

Confira o texto da coluna Opinião da edição impressa do Diário de Santa Maria desta quarta-feira (11):

Anny Gundel DesconziProcuradora do município

Com a chegada das baixas temperaturas, algumas mudanças acontecem na natureza. As aves, por exemplo, para superarem o período de escassez que acompanha a chegada do frio, iniciam o processo migratório. Todos os anos, nesta época na Região Sul, pelo fato de termos menos horas de sol e noites mais longas, tal fenômeno é interpretado por muitas espécies como o principal sinal de partida.

A revista Forbes, há alguns anos, fez uma reportagem sobre tal evento, cujo título foi: o que as aves que voam em bando nos ensinam sobre liderança. O artigo dizia que quem vê a revoada no céu pode até não imaginar que, por trás daquela disposição aparentemente aleatória, estão lições muito úteis para nós aqui na Terra. Além das questões relacionadas à aerodinâmica, que permitem que as aves migratórias economizem energia, o papel da ave mais experiente do grupo é essencial para definir a direção que o bando deve tomar.

Quando era criança, lembro-me de meu avô dizer que quando há um grande movimento das aves e não é o período das migrações pode ser sinal de um desastre. Contava que nas horas que antecedem os desastres, os pássaros parecem sentir o perigo iminente e esforçavam-se para fugir. Toda essa sensibilidade vem de anos de evolução dos bichos e da seleção natural. Essas percepções são usadas normalmente para sobrevivência, mas em condições diferentes servem para indicar alguma anormalidade. Com certeza, a natureza nos traz muitos ensinamentos.

Os pássaros, ao contrário de outras espécies que hibernam no inverno, pelo fato de não poderem acumular excesso de gordura e peso por conta do voo, eles desenvolveram outra forma para vencer as privações da época, migram em busca de condições mais propícias para a sobrevivência.

Não é raro, nesta época, ao olhar para o céu, vermos aves voando em sintonia. Um verdadeiro espetáculo se desenrola no céu, principalmente à tardinha. Apesar de saber que é o momento de migrar, observar o espetáculo da revoada, traz, uma certa nostalgia, uma sensação de despedida. É um misto de saudades com desejo de ser um pássaro e poder voar para um lugar com mais luz e calor.

Se eu fosse um pássaro, gostaria de ser uma andorinha, com canto alto e feliz. Uma ave migratória que, como poucas, viaja durante o dia. Ela é uma das primeiras a saudar o sol, com seu voo rápido que mais parece um alongamento. Ao contrário do que todos possam imaginar, seu final de dia não é menos alegre. Em bando, em uma verdadeira algazarra, faz uma espécie de redemoinho até se acomodar no lugar que escolheu para dormir.

A andorinha possui um sentido de orientação tão aguçado que, após voar centenas de quilômetros em migração, consegue voltar exatamente ao mesmo ninho. É uma ave que, mesmo na partida, expressa liberdade e felicidade, pois, por mais longa e difícil que seja a jornada, sabe que será incrível e terá sempre a primavera para retornar ao seu verdadeiro lar.

Clique aqui para ler o texto de Jorge Brandão para Opinião desta quarta-feira (11).

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